Com essa proclamação os estudantes
indígenas concluíram seu encontro
nacional parra dar continuidade em suas aldeias e comunidades ao compromisso
assumido.
pois “Nós somos jovens guerreiros e por nossas
terras vamos lutar,
espalhar nossas sementes, nossa aldeia
germinar.
“Tentaram nos enterrar, mas se esqueceram que
somos sementes” ,
e “Quem nasceu para viver lutando, não vai
morrer de braços cruzados”.
Por isso reafirmamos que “Em cima
do medo, CORAGEM!”
“Estou ansioso” afirmava uma das lideranças presentes ao
Seminário Nacional da juventude indígena. Com razão, diante do complexo e
iníquo cenário em que se pretende a todo custo suprimir direitos indígenas,
resta-lhes a árdua luta da resistência e afirmação de seus direitos e projetos
do Bem Viver.
Enquanto jovens e vários deles professores em suas aldeias,
não poderiam deixar de debater a precariedade das escolas indígenas, estando a
maior parte delas submetidas a ditames que contrariam a própria constituição e
outras leis que lhes garante um escola com currículo diferenciado e de
qualidade. Essa é uma das lutas que eles vem sustentando a décadas e certamente
continuarão tendo que forjar o processo a partir das realidades de cada aldeia.
No Início de outubro se realizará o 2º Fórum de Educação Escolar Indígena, que
é um espaço de luta que está sendo construído pelos professores indígenas de
todo o país. A grande maioria desses professores são jovens e com certeza
estarão mutuamente construindo as bandeiras de luta do movimento.
Nesse eixo de formação política que deverá ser um dos eixos
transversais de toda a luta, também discutiram a importância de trabalharem a
memória de seus povos, como uma ferramenta, uma arma, um “Porantim”. Ao invés
de esperar que historiadores, antropólogos e outros cientistas venham registrar
a história dos povos, é importante que os próprios jovens o façam e se
capacitem em todas essas áreas do conhecimento e da sabedoria dos anciões.
O Território, enquanto espaço integrador e fonte de vida
para os povos, devem ser legalizados e garantidos, numa luta contínua contra todas as investidas
feitas pelo agronegócio e outros setores. Terra/território é sagrado, é mãe é
vida, e “ Apesar de todas as
ameaças lutaremos pelas nossas terras, pois somos filhos delas. Dançaremos,
cantaremos, rezaremos pois nossa luta é uma luta pela nossa cultura, pela nossa
tradição e modo de ser originário. Somarem-nos com nossas lideranças e fortalecidos
pela união entre os diferentes povos, principalmente com os mais velhos,
estamos aqui reafirmando nosso compromisso e responsabilidade de dar
continuidade as nossas lutas já iniciadas por nossos ancestrais.”( Carta do
Seminário)link
Alguns temos que apesar de preocupantes, ficaram para ser
debatidos e aprofundados nas comunidades, dentre eles ficaram destacados a
questão da política partidária e eleições. Esse é um desafio histórico que
precisa ser enfrentado, não apenas pelos jovens mas pelas comunidades e
movimento indígena. Apesar dos imensos danos que normalmente são causados pelos
políticos em suas incursões nos períodos eleitorais, não se vê, no final do
túnel, uma saída conjunta e articulada.
Outro tema que merece maior debate e análise são as presenças de inúmeras igrejas
dentro das aldeias, sendo várias fundamentalistas, com grandes interferências
na cultura e lutas dos povos indígenas por seus direitos. Ficou como sugestão
ir fortalecendo as religiões e cultura próprias dos povos.
Quanto ao processo organizativo interno dos jovens indígenas
e suas alianças com outros movimentos de jovens em luta, particularmente no
movimento popular e populações e povos tradicionais. Isso supõem um trabalho
dentro do próprio povo e uma necessária articulação com as comunidades e
participação nas lutas de cada
comunidade.
Durante o encontro fórum muitos e expressivos os momentos de
rituais dos diversos povos participantes. Voltaram para suas comunidades com a
certeza de que deram um passo importante na luta pelos direitos dos povos
originários indígenas no Brasil
Egon Heck
Cimi Secretariado nacional
Brasilia, agosto de 2016