ATL 2017

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quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Unir para lutar e unificar para vencer









Com essa proclamação os estudantes indígenas  concluíram seu encontro nacional parra dar continuidade em suas aldeias e comunidades ao compromisso assumido.
 pois “Nós somos jovens guerreiros e por nossas terras vamos lutar,
 espalhar nossas sementes, nossa aldeia germinar.
 “Tentaram nos enterrar, mas se esqueceram que somos sementes” ,
 e “Quem nasceu para viver lutando, não vai morrer de braços cruzados”.
Por isso reafirmamos que “Em cima do medo, CORAGEM!”

“Estou ansioso” afirmava uma das lideranças presentes ao Seminário Nacional da juventude indígena. Com razão, diante do complexo e iníquo cenário em que se pretende a todo custo suprimir direitos indígenas, resta-lhes a árdua luta da resistência e afirmação de seus direitos e projetos do Bem  Viver.

Enquanto jovens e vários deles professores em suas aldeias, não poderiam deixar de debater a precariedade das escolas indígenas, estando a maior parte delas submetidas a ditames que contrariam a própria constituição e outras leis que lhes garante um escola com currículo diferenciado e de qualidade. Essa é uma das lutas que eles vem sustentando a décadas e certamente continuarão tendo que forjar o processo a partir das realidades de cada aldeia.  No Início de outubro se realizará  o 2º Fórum de Educação Escolar Indígena, que é um espaço de luta que está sendo construído pelos professores indígenas de todo o país. A grande maioria desses professores são jovens e com certeza estarão mutuamente construindo as bandeiras de luta do movimento.

Nesse eixo de formação política que deverá ser um dos eixos transversais de toda a luta, também discutiram a importância de trabalharem a memória de seus povos, como uma ferramenta, uma arma, um “Porantim”. Ao invés de esperar que historiadores, antropólogos e outros cientistas venham registrar a história dos povos, é importante que os próprios jovens o façam e se capacitem em todas essas áreas do conhecimento e da sabedoria dos anciões.




O Território, enquanto espaço integrador e fonte de vida para os povos, devem ser legalizados e garantidos,   numa luta contínua   contra todas as investidas feitas pelo agronegócio e outros setores. Terra/território é sagrado, é mãe é vida, e Apesar de todas as ameaças lutaremos pelas nossas terras, pois somos filhos delas. Dançaremos, cantaremos, rezaremos pois nossa luta é uma luta pela nossa cultura, pela nossa tradição e modo de ser originário. Somarem-nos com nossas lideranças e fortalecidos pela união entre os diferentes povos, principalmente com os mais velhos, estamos aqui reafirmando nosso compromisso e responsabilidade de dar continuidade as nossas lutas já iniciadas por nossos ancestrais.”( Carta do Seminário)link

Alguns temos que apesar de preocupantes, ficaram para ser debatidos e aprofundados nas comunidades, dentre eles ficaram destacados a questão da política partidária e eleições. Esse é um desafio histórico que precisa ser enfrentado, não apenas pelos jovens mas pelas comunidades e movimento indígena. Apesar dos imensos danos que normalmente são causados pelos políticos em suas incursões nos períodos eleitorais, não se vê, no final do túnel, uma saída conjunta e articulada.




Outro tema que merece maior debate e  análise são as presenças de inúmeras igrejas dentro das aldeias, sendo várias fundamentalistas, com grandes interferências na cultura e lutas dos povos indígenas por seus direitos. Ficou como sugestão ir fortalecendo as religiões e cultura próprias dos povos.

Quanto ao processo organizativo interno dos jovens indígenas e suas alianças com outros movimentos de jovens em luta, particularmente no movimento popular e populações e povos tradicionais. Isso supõem um trabalho dentro do próprio povo e uma necessária articulação com as comunidades e participação  nas lutas de cada comunidade.

Durante o encontro fórum muitos e expressivos os momentos de rituais dos diversos povos participantes. Voltaram para suas comunidades com a certeza de que deram um passo importante na luta pelos direitos dos povos originários indígenas no Brasil

Egon Heck
Cimi Secretariado nacional
Brasilia, agosto de 2016