Há quase quaro décadas, quando
começa um novo ano, reúnem-se missionários para aprimorar seus conhecimentos
sobre os povos indígenas, partilhar experiências e obter informações que ajudam
a aprimorar sua solidariedade e compromisso com os povos indígenas em luta pela
vida e seus direitos.
Equivoca-se quem acha que o Curso
de Formação Básica é apenas para jovens missionários, religiosos e leigos. Em 2016
são 37 os participantes do curso, com idade entre 25 e 82 anos, e de nove
países da América do Sul, Europa e África.
A Formação no Cimi
Um dos aspectos relevantes dessa
caminhada de 44 anos do Cimi são o zelo e carinho com que estabeleceu a
prioridade da formação dos missionários indigenistas. Seus primeiros quadros
foram ainda formados na Operação Anchieta (hoje Operação Amazônia Nativa). Com
o tempo o Cimi foi se estruturando a partir dos cursos e encontros de
indigenismo, realizados pelo Brasil afora, entre os anos de 1973 a 1977.
No início, os cursos de formação eram
realizados em regiões onde havia maior número de missionários, especialmente na
Amazônia, e por serem grandes as distâncias até o centro do país. Realizaram-se
cursos de formação básica em Manaus e Belém.
Aos poucos o setor de formação da
entidade foi traçando estratégias, tanto para a formação dos missionários como
para lideranças e comunidades indígenas. Tais estratégias contribuíram para que
se consolidasse uma presença solidária e de apoio cada vez mais eficaz à
conquista e consolidação dos direitos dos povos indígenas.
Semente na terra é certeza de
vida continuada. Vamos estar unidos aos nossos mártires e aos mártires
indígenas que nos animam e dão força nas lutas e caminhada.
No início foi tudo muito custoso
e difícil. Mas com a estruturação do Centro de Formação Vicente Cañas, em
Luziânia, foi dado um passo decisivo para a consolidação dos processos
formativos e encontros neste espaço.
Hoje o Cimi mantém o Curso de
Formação Básica em Indigenismo, etapas 1 e 2, cada uma com 20 dias. Além disso,
a entidade mantem um processo de formação permanente, com estudos, encontros
diversos por regiões e em nível nacional.
Dom Roque presente
Dom Roque Paloschi, o novo
presidente do Cimi, eleito na XXI Assembleia Geral da entidade em setembro do
ano passado, partilhou sua experiência missionária, particularmente na Diocese de
Roraima, de onde foi bispo por vários anos. Com uma atitude de humildade - “espero
não atrapalhar”-, mas com uma firmeza evangélica e política de sua missão como
presidente do Cimi. Com certeza também contribuirá com os povos indígenas de
Rondônia, para onde foi nomeado arcebispo de Porto Velho.
Nas reflexões que partilhou, enfatizou
que “nós somos evangelizados pelos índios”. Chamou a atenção para a gravidade
do momento para os povos indígenas, sendo muitas as pedras no caminho. Mas,
segundo Dom Roque, isso não provoca em nós um desencantamento. Pelo contrário. Deve
nos animar na fé e na esperança. Particularmente o Cimi, submetido a mais uma
Comissão Parlamentar de Inquérito, agora no Mato Grosso do Sul, pela defesa
intransigente dos direitos indígenas, especialmente seus territórios/terras,
sairá fortalecido, na certeza de que está no caminho certo, como aconteceu por
ocasião do processo Constituinte (CPMI 1987).
Ressaltou a importância de o
nosso processo de solidariedade com esses povos ser cada vez mais profundo e
fecundo, nos encarnando nas realidades e lutas desses povos, na gratuidade e na
nossa mística militante
Na celebração no final do dia, os
participantes da etapa dois, deram seus depoimentos do que estão levando de
tudo que partilharam e aprenderam nesses dias, tendo sido realizado o ritual do
envio.
Egon Heck fotos Laila
Menezes/Cimi
Cimi- Secretariado nacional
Brasília, 29 de janeiro de 2016.