Jogos
Mundiais dos Povos Indígenas
“A presidenta Dilma Rousseff
participou da cerimônia e garantiu presença na abertura, em outubro. Para o
ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, os jogos ajudam a projetar o
Brasil no cenário internacional. "Os Jogos Mundiais dos Povos Indígenas são
mais um gesto nosso no sentido de se abrir para o mundo, mostrando a nossa
capacidade de oferecer oportunidades a todos de crescer, se desenvolver e se
alegrar", afirmou Alves. Segundo ele, o evento ressalta características
positivas do país. "Mostramos um Brasil democrático, que respeita a
própria história e as diferenças", afirmou. É a primeira vez que um evento
esportivo-cultural reúne uma diversidade tão grande de etnias.”(Jornal do
Turismo 24/06/15)
Depois de muitos revezes,
finalmente um chance de ser campeão.
Acrescente violência contra os povos indígenas, com centenas de assassinatos de
lideranças, nos últimos anos; a
tentativa de suprimir direitos indígenas da Constituição; as leituras e
decisões reducionistas a partir do “marco temporal”; as condicionantes da
Raposa Serra do Sol, sendo estendidas para demais processos de regularização de
terras indígenas; as inúmeras iniciativas no Congresso (quase um centena de
projetos contra os direitos indígenas), visando impedir o reconhecimento dos
direitos constitucionais dos povos indígenas; poderíamos continuar perfilando
um rosário de ações e omissões do Estado brasileiro, que o habilitam a ser
campeão de violências e violações dos direitos indígenas.
Como dantes, em dois
tempos/momentos o país assumiu o reconhecimento e regularização de todas as
terras indígenas (Estatuto do Índio/1973 e Constituição federal/1988), prazos
esses olimpicamente descumpridos, e mais recentemente o próprio presidente Lula
se comprometeu realizar todas as demarcações de terras indígenas e não fez quase nada neste sentido. Chegou a
vez da presidente Dilma fazer um gol. Ao que tudo indica, será um gol contra.
Mas ainda é tempo. Restam quase
três meses para que uma força tarefa, como jamais vista neste país, como jamais vista neste país, mobilizando
toda a sociedade e o Estado brasileiro para o pagamento da dívida eterna,
através da demarcação de todas as terras indígenas, possibilitando uma vida
digna com autonomia e respeito aos projetos históricos desses povos. Só assim
poderemos dizer que somos “ um Brasil democrático, que respeita a própria
história e as diferenças”. Quem viver verá!
Povos Indígenas da Bahia exigem
seus direitos
Com a mesma perplexidade da invasão primeira, há 515 anos, os Pataxó,
Pataxó Hã-hã-hai, Tupinambá, dentre outros, estão agora no Brasil central, mais
precisamente nas praças e palácios dos poderes em Brasília, para identificar os
invasores, suas motivações e estratégias, para combate-los com maior eficácia e
exigir seus direitos.
Movidos por uma grande força histórica de resistência e espiritualidade,
seus rituais estarão inundando os diversos espaços do poder e seus braços de
dominação e corrupção. Sua pauta principal é a regularização de seus
territórios e uma saúde de qualidade, diante do descalabro em que a Sesai
transformou o atendimento a esses povos.
Egydio, com ou sem título,
cidadão amazonense
È um dos guerreiros destacados desse país, Egydio ,talvez mais do que
qualquer outro cidadão desse Brasil, ´foi e é um aguerrido lutador pela vida,
um intrépido e incansável defensor dos povos indígenas, inflexível e radical defensor da natureza, em
especial da Amazônia. Mais do que merecedor de cidadão de uma região, é cidadão
do Brasil e do mundo.
Batalhador e um dos articuladores da OPAN e do Cimi, Egydio sempre
buscou se inserir na radicalidade dos processos de transformação dentro do
Igreja e na sociedade. Foi e é um dos críticos ferrenhos das políticas do
Estado brasileiro e sua nefasta política indigenista. Com a mesma dedicação e radicalidade defende a
importância das abelhas para a continuidade da vida no planeta Terra. Com
Egydio partilhei, caminhos, sonhos e sofrimentos nestas veias abertas da
América latina e em especial no Brasil. A ele nós do Cimi temos muita gratidão e carinho pelo que já
fez e continua fazendo pelos povos indígenas deste Pais e dessa Ameríndia, ainda na
paixão. Com especial destaque para os Kiña-Waimiri Atroari, a quem dedicou
momentos especiais de sua vida.
O gesto mais forte que me lembra nesse dia, o Egydio guerreiro, é seu
gesto emblemático de queimar em praça pública, em Presidente Figueiredo, seu
título de eleitor. Foi a expressão máxima que encontrou para externar sua
revolta e indignação com o descalabro , malvadezas e acintes escabrosos da
política local. Com ou sem título de eleitor e cidadão amazonense em seus 80
anos de vida, tens nosso total reconhecimento, admiração e apoio.
Certamente essa nossa homenagem
se estende com todo carinho a Dorothy, que igualmente deu a sua vida por essa
causa.
Egon Heck
Cimi Secretariado nacional
Brasília 7 de julho de 2015