ATL 2017

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quinta-feira, 9 de julho de 2015

Brasil campeão



Jogos Mundiais dos Povos Indígenas

“A presidenta Dilma Rousseff participou da cerimônia e garantiu presença na abertura, em outubro. Para o ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, os jogos ajudam a projetar o Brasil no cenário internacional. "Os Jogos Mundiais dos Povos Indígenas são mais um gesto nosso no sentido de se abrir para o mundo, mostrando a nossa capacidade de oferecer oportunidades a todos de crescer, se desenvolver e se alegrar", afirmou Alves. Segundo ele, o evento ressalta características positivas do país. "Mostramos um Brasil democrático, que respeita a própria história e as diferenças", afirmou. É a primeira vez que um evento esportivo-cultural reúne uma diversidade tão grande de etnias.”(Jornal do Turismo 24/06/15)
Depois de muitos revezes, finalmente um  chance de ser campeão. Acrescente violência contra os povos indígenas, com centenas de assassinatos de lideranças, nos últimos anos;  a tentativa de suprimir direitos indígenas da Constituição; as leituras e decisões reducionistas a partir do “marco temporal”; as condicionantes da Raposa Serra do Sol, sendo estendidas para demais processos de regularização de terras indígenas; as inúmeras iniciativas no Congresso (quase um centena de projetos contra os direitos indígenas), visando impedir o reconhecimento dos direitos constitucionais dos povos indígenas; poderíamos continuar perfilando um rosário de ações e omissões do Estado brasileiro, que o habilitam a ser campeão de violências e violações dos direitos indígenas.
Como dantes, em dois tempos/momentos o país assumiu o reconhecimento e regularização de todas as terras indígenas (Estatuto do Índio/1973 e Constituição federal/1988), prazos esses olimpicamente descumpridos, e mais recentemente o próprio presidente Lula se comprometeu realizar todas as demarcações de terras indígenas  e não fez quase nada neste sentido. Chegou a vez da presidente Dilma fazer um gol. Ao que tudo indica, será um gol contra.
Mas ainda é tempo. Restam quase três meses para que uma força tarefa, como jamais vista neste país,  como jamais vista neste país, mobilizando toda a sociedade e o Estado brasileiro para o pagamento da dívida eterna, através da demarcação de todas as terras indígenas, possibilitando uma vida digna com autonomia e respeito aos projetos históricos desses povos. Só assim poderemos dizer que somos “ um Brasil democrático, que respeita a própria história e as diferenças”. Quem viver verá!

Povos Indígenas da Bahia exigem seus direitos

Com a mesma perplexidade da invasão primeira, há 515 anos, os Pataxó, Pataxó Hã-hã-hai, Tupinambá, dentre outros, estão agora no Brasil central, mais precisamente nas praças e palácios dos poderes em Brasília, para identificar os invasores, suas motivações e estratégias, para combate-los com maior eficácia e exigir seus direitos.
Movidos por uma grande força histórica de resistência e espiritualidade, seus rituais estarão inundando os diversos espaços do poder e seus braços de dominação e corrupção. Sua pauta principal é a regularização de seus territórios e uma saúde de qualidade, diante do descalabro em que a Sesai transformou o atendimento a esses povos.

Egydio, com ou sem título, cidadão amazonense

È um dos guerreiros destacados desse país, Egydio ,talvez mais do que qualquer outro cidadão desse Brasil, ´foi e é um aguerrido lutador pela vida, um intrépido e incansável defensor dos povos indígenas,  inflexível e radical defensor da natureza, em especial da Amazônia. Mais do que merecedor de cidadão de uma região, é cidadão do Brasil e do mundo.

Batalhador e um dos articuladores da OPAN e do Cimi, Egydio sempre buscou se inserir na radicalidade dos processos de transformação dentro do Igreja e na sociedade. Foi e é um dos críticos ferrenhos das políticas do Estado brasileiro e sua nefasta política indigenista.  Com a mesma dedicação e radicalidade defende a importância das abelhas para a continuidade da vida no planeta Terra. Com Egydio partilhei, caminhos, sonhos e sofrimentos nestas veias abertas da América latina e em especial no Brasil. A ele nós do Cimi  temos muita gratidão e carinho pelo que já fez e continua fazendo pelos povos indígenas deste Pais e dessa Ameríndia, ainda na paixão. Com especial destaque para os Kiña-Waimiri Atroari, a quem dedicou momentos especiais de sua vida.


O gesto mais forte que me lembra nesse dia, o Egydio guerreiro, é seu gesto emblemático de queimar em praça pública, em Presidente Figueiredo, seu título de eleitor. Foi a expressão máxima que encontrou para externar sua revolta e indignação com o descalabro , malvadezas e acintes escabrosos da política local. Com ou sem título de eleitor e cidadão amazonense em seus 80 anos de vida, tens nosso total reconhecimento, admiração e apoio.
 Certamente essa nossa homenagem se estende com todo carinho a Dorothy, que igualmente deu a sua vida por essa causa.

Egon Heck
Cimi Secretariado nacional
Brasília 7 de julho de 2015