ATL 2017

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segunda-feira, 19 de maio de 2014

Espiritualidade Indígena – a força que vem de dentro





O  que move povos tão distintos como os Aymara e Quechua dos Andes do Chile e Bolivia a se encontrar com os guerreiros Xavantes ou os resistente Kayowá, Guarani   ou Pay do Paraguai
 Talvez só o sonho e o compromisso com os povos indígenas das Irmãs Lauritas, as irmãs dos índios, e  a intensa busca de união e harmonia dos  
povos indígenas nesses quatro países foram  construindo  esse encontro continental de espiritualidade indígena,  em consonância com os encontros continentais de Teologia India e outras iniciativas que buscam o intercambio e reflexão dessa temática.
O que ficou evidenciado nesses dois primeiros dias do encontro é a centralidade que tem a espiritualidade nos processos de resistência e luta dos povos indígenas por seus direitos, particularmente pelos seus territórios. Daí decorre  uma espécie de espiritualidade da terra, da mãe terra, da Pacha Mama.  Um momento importante  é de harmonizar e trazer aqueles que já partiram para a celebração. Os espíritos dos antepassados se fazem presente nos rituais.
Essa harmonia e integração com a natureza, a comunidade, os parentes, ficou ressaltada nos rituais e exposições da delegação andina.  A religiosidade e espiritualidade, após mais de 500 anos de intensa relação com outras religiões, especialmente as cristãs, construíram uma espiritualidade muito própria, nas raízes profundas de suas espiritualidades com elementos do cristianismo.
Evidencia-se  os aspectos festivos e alegres dos rituais e celebrações, da partilha, da reciprocidade, dos presentes, da cura,da gratidão à Pacha Mama. A reverência ao sol e a folha da coca  tem uma função simbólica sagrada na relação dos povos  originários e a mãe terra

A espiritualidade guerreira dos Xavante ecoou forte. Quirino fez questão de ressaltar “Somos um povo guerreiro, mas somos alegres”. Essa alegria e energia não é apenas ressaltada nos corpos robustos cobertos de urucum mas também nos rituais e danças de expressão forte, ritmada.
O ritual da cura, com uma complexa interação com o universo e com Deus, foi detalhada por Quirino e lideranças desse povo.
O que mais está marcando o encontro é a interação, o intercambio, a celebração da vida na pluralidade de rituais e simbolismos.
Uma das manifestações importantes foi o desejo de construir e reconstruir caminhos e formas de solidariedade entre os povos como tem acontecido com frequência nas lutas das décadas de 70 e 80.  Foi expresso pelos Xavante seu desejo de apoiar concretamente a luta dos parentes Kaiowá Guarani e Terena.
Os Kaiowá Guarani com sua intensa espiritualidade marcaram desde o início o encontro, dando o tom celebrativo e o desejo de união não apenas dos Guarani do Brasil, Paraguai, mas de todos os povos originários do continente.
Para melhor compreensão todas as intervenções e colocações são feitas em três línguas – português, espanhol e guarani.
Mais do que belas palavras, frases de efeito, raciocínios lógicos, o que se vivenciou nesses dois dias foram intensos rituais e manifestações religiosas na pluralidade originária deste continente, a partir da força que vem de dentro.
Egon Heck e Laila Menezes
Secretariado Cimi
Campo Grande, 13 de maio 2014


Na memória dos lutadores e guerreiros, Dom Moreira e Dom Tomás e todos os que deram sua vida nesta causa