ATL 2017

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quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Que país é esse?



Soldados com escudos e artefatos contra motim fechavam a porta de entrada da Câmara dos deputados. No Senado também já haviam sido barrados. Um forte esquema policial se espalhou pelos espaços dos três poderes. Parecia que estaria prestes a acontecer uma perigosa invasão de vândalos.
Na pauta das duas casas do Congresso estavam temas vitais para os povos indígenas. Uns 150 indígenas estavam em Brasília para participar desses espaços conforme lhes garante a Constituição e a Convenção 169 da Convenção Internacional do Trabalho.
Ao serem barrados, ficaram indignados e revoltados, com essa atitude ditatorial e absurda do Estado Brasileiro. “Isso é um crime...o que vocês soldados estão fazendo ao impedir esses brasileiros nativos entrar no congresso é um crime”, dizia um dos presentes ao ato. Ao tentarem forçar a entrada, foram recebidos com spray de pimenta e rechaçados. A grande mídia qualificou o ato como tentativa de invasão. Porém não registrou que os invasores estavam lá dentro tentando rasgar a Constituição e tirar direitos indígenas.
Que país é esse? Que recebe seus habitantes originários com bombas e baionetas? Exclamou a deputada Erika Kokai. Nessa mesma linha se manifestaram parlamentares e indígenas. Quando os parlamentares, inclusive o presidente da Comissão, deputado Afonso, vieram comunicar aos indígenas sua firme posição de inviabilizar a votação da Comissão Especial da PEC 215, afirmaram “essa PEC está enterrada”. Porém se manifestaram no sentido de que a mobilização indígena foi fundamental para se chegar a essa decisão.

Presos e agredidos

No decorrer do dia  deis indígenas foram presos numa clara atitude de prepotência e intimidação do movimento de resistência e afirmação da dignidade de homens, mulheres, guerreiros e guerreiras indígenas. “Queremos ser respeitados”. Essa foi o grito mais ouvido em dezenas de falas dos povos indígenas.
Ao serem barrados de entrar no Congresso os indígenas apontaram para um cartaz que se encontrava na entrada “Bem Vindos, essa casa também é sua”. Que ironia. Os indígenas exigiam seu mais elementar direito de cidadãos e habitantes primeiros dessa terra “Amanhã viremos em mais. Não vamos aceitar ser barrados em nossos direitos. Nos querem massacrar aqui fora e lá dentro. Isso nós não vamos aceitar” dizia uma das lideranças de mais de duas dezenas de povos ali presentes.
Quando a noite já ia encobrindo o cenário da batalha, os indígenas, sentindo mais uma injustiça e brutal negação de seus direitos, estavam inconformados com a prisão dos seis integrantes de sua delegação. Queriam dizer ao Brasil e ao mundo, de que não desistirão de seus direitos “que prendam a todos nós. Mostrem o que de fato estão fazendo ao rasgar a constituição e roubar nossos direitos”.
Porém nada os demove a continuar a batalho por seus direitos. Hoje novamente estão em Brasília, apesar de toda a violência, ameaças e prisões.

Ultima esperança: nós mesmos

Diante de um quadro tão brutal e criminosamente adverso os indígenas presentes nas manifestações em Brasília, pelos seus direitos, dignidade e vida, se mostraram su crença e convicção de que vencerão, com a força de seus guerreiros, do espírito  secular de resistência, sabedoria e espiritualidade. “O índio brasileiro se revolta. E com razão. Querem jogar a gente na beira das estradas ou debaixo de pontes. Mas nós vamos enfrentar a luta com coragem. Eles tem que respeitar nossos direitos. O que deixa a gente revoltado é a prisão e assassinato de nossas lideranças”. E diante de um mundo  tão fechado a eles, onde muitas vezes não tem a que recorrer, afirmam convictos “a última esperança somos nós mesmos”
Virá um novo dia.

Egon Heck
Cimi Secretariado
Brasilia, 17 de dezembro de 2014
Fotos - Catxeikuei


quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

O agronegócio mata


Dezenas de camionetes chegam furiosamente até o tekohá Tey’juçu, no município de Caarapó-MS.  Entre a forte poeira iniciam um intenso tiroteio sobre os Kaiowá Guarani, que há poucos dias haviam retornado a sua terra tradicional. Pavor e correria. Julia de Almeira, de 17 anos é  atingida pelos tiros.  Continua desaparecida. Os indígenas temem que tenha acontecido o mesmo que passou com os corpos de Nisio Gomes e  Rolindo Vera, cujos corpos continuam desaparecidos.
No Mato Grosso do Sul o agronegócio já definiu suas estratégias na relação com os povos indígenas e seus territórios. A primeira atitude  é a garantia legal através do pedido de interdito proibitório. Em caso  de qualquer  tentativa de  indígena de retorno a seus territórios, em processo de retomada, ação de rechaço imediato, através de pistoleiros, capangas ou milícias particulares. Alegam que essa ação e mais eficaz, pois ações judiciais são muito demoradas.  Agir de forma articulada com os fazendeiros e produtores rurais da região. Imediato pedido de reintegração de posse, caso a situação não seja resolvido pela ação imediata. É a política indigenista ruralista se materializando.

Plantando cruzes

Aos povos indígenas do Estado, onde menos terras indígenas proporcionalmente se demarcou até agora, só restou enfrenar a mais dura situação de guerra permanente, buscando seus direitos com suas próprias pernas e mãos, retornando aos territórios tradicionais, enfrentando inimigos fortemente armados, mesmo  que derramando sangue e plantando cruzes de resistência e esperança.
O que qualquer  cidadão do país e do planeta terra se perguntam são as razões de tanta brutalidade, barbárie e violência, diante de inúmeros  prazos legais descumpridos,  em galopante impunidade e ineficácia do governo, que tem por obrigação constitucional demarcar os territórios indígenas e  proteger os direitos e a vida desses povos.

Como matam

Colocando veneno em nossas mesas, na terra, nas águas e no ar,
Avançando ferozmente sobre as poucas florestas que restam,
Com a lei, apesar da lei ou contra a lei fazem suas potentes máquinas  avançarem,
Com a disponibilização de enormes verbas  federais
Com violência contra as resistências,  das populações tradicionais, indígenas, sem terra,
Através das armas na contratação de pistoleiros, milícias particulares
Certeza da impunidade,
Com apoio de políticos e poder econômico regional,

 Como resistem os povos indígenas

Com a sabedoria e paciência histórica,
Com profunda espiritualidade e rituais (Jeroki Guasu...)
Com a valorização dos lideres religiosos – nhanderu (para os Guarani Kaiowá)
Com fortalecimento da união e apoio mútuo,
Definição de suas estratégias nas grandes Assembleias, Aty Guasu
Denunciando as violências e negação dos direitos em nível regional, nacional e internacional
Construindo alianças com outros povos indígenas e setores da sociedade
Cobrando do Estado brasileiro o cumprimento da Constituição
Retornando a seus territórios tradicionais,
Exigindo políticas públicas coerentes e eficazes

Egon Heck
Cimi – secretariado
Brasilia, Dia Mundial dos Direitos Humanos







terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Política Indigenista ruralista

Política Indigenista ruralista




Nos idos de 1975, no auge da ditadura militar e do milagre brasileiro, o crítico e escritor Tristão de Athayde, publicou  um artigo “indigenismo e antiindigenismo, em que traz elementos de análise extremamente atuais, “ Como sempre, várias soluções se defrontam, algumas analógicas e outras contraditórias, entre indigenistas e antiindigenistas. A mais radical destas últimas, considera nossos  índios como um anacronismo e sua defesa como um romantismo dispendioso e inútil. Seu desaparecimento deverá ser mesmo favorecido ou por bem (integração) ou por mal (extinção), pelas moléstias,  pela construção de estradas ou pelas agressões dos próprios mateiros e fazendeiros locais. O progresso, para esses antiindigenistas , é um rolo compressor irreversível, exigindo a extinção dos mais fracos.”(Jornal do Brasil, 6/03/1975)
Quantas vezes ouvimos esses discursos trombeteados pelas nossas elites econômicas, politicas e setores militares,  acrescidos de outras pérolas mais,  de teor  racista e fatalista, dentre as quais “os índios atravancam o progresso”, os índios são quistos sociais que devem ser erradicados,  os índios na fronteira são uma ameaça à segurança e soberania nacional,  os índios são um ônus para a nação...
Quantas vezes não foram os povos indígenas ultrajados, ameaçados, violentados e denegridos em sua honra e dignidade, impunemente?
Nessa semana mundial dos Direitos Humanos, na véspera da entrega do Relatório da Comissão Nacional da Verdade á Presidente Dilma,  onde pela primeira vez  é relatado a morte e desaparecimento de aproximadamente 8 mil indígenas dentro período examinado pela Comissão (1946 a 1988), estão em pauta  no Congresso Nacional  projetos de lei e emenda constitucional, como a PEC 215, que se aprovadas, tornarão as ameaças fatos, e a vida dos povos originários/indígenas estarão sob a batuta  da política indigenista ruralista, do agronegócio e do latifúndio.

Estratégias do agronegócio

Neste ano de 2014 o agronegócio avançou em sua política anti-indígenas, inovando com a realização de  leilão, em Campo Grande-MS, para sustentar a caixinha que banca  as milícias particulares por eles contratadas. A isso se acresce a contratação de expressivo número de profissionais que vai desde antropólogos, historiadores, arqueólogos, advogados, até filósofos. São esses que constroem e garantem as fundamentações das políticas indigenistas ruralistas.
No Congresso, onde a bancada afirma ter pelo menos 240 membros,  esperam acionar o rolo compressor para aprovar várias leis e projetos de emenda constitucional que garantam os interesses do agronegócio. Certamente esperam uma mãozinha do  poder executivo para tornar tudo mais fácil.

Não Passarão

Se por um lado a temporada de caça aos direitos indígenas está configurada,  por parte do movimento indígena existe uma esperança de mobilização pela vida e pelos direitos, baseada em suas estratégias de resistência secular, com o apoio dos espíritos guerreiros e seus deuses.
Contam também com a solidariedade de amigos no Brasil e no mundo e com o apoio das populações tradicionais e dos movimentos sociais que lutam por justiça e aprofundamento da democracia.

Egon Heck
Cimi Secretariado
Brasilia, 9 de dezembro de 2014




domingo, 7 de dezembro de 2014

Mineração- buracos de morte


Camuflar atividades destrutivas e mortíferas com discursos de progresso não mais se sustenta. Os mais de 200 conflitos das mineradoras com comunidades na América Latina são um exemplo claro da resistência aos projetos de mineração. A secular exploração que vitimou milhões de pessoas, especialmente nativos, indígenas no continente, de forma perversa, iníqua e impune, está agora diante de crescente resistência e oposição aos projetos de morte implantados pelas empresas multinacionais.
Esta é uma das constatações feitas no 2° Encontro de “Igrejas e Mineração”, que se realizou esta semana em Brasília. Apesar de estar em curso um incremento da atividade de mineração motivada pela elevação dos preços das commodities  em que se transformaram os minérios e com o apoio dos Estados nacionais, os “buracos de morte e destruição” começam a aumentar em quase todos os países do continente. Mais de 60% das grandes mineradoras são Canadenses. Porém surgem neste cenário, com grande voracidade, empresas mineradoras chinesas e japonesas.

“epidemia de resistência”

O seminário Igrejas e Mineração é uma articulação promissora de religiosos(as), leigos e leigas, igrejas, movimentos de pessoas que fizeram uma opção em defesa das comunidades e territórios,  motivados pela fé que os unem numa mística e espiritualidade que brota de sua presença e compromisso com os atingidos pela mineração. Através da denúncia profética e do testemunho buscam construir espaços de resistência e solidariedade, caminhos de esperança e bem viver.
Favorecer os intercâmbios, trocas de experiências, através de visitas, encontros e celebrações são formas de ampliar a resistência,  construir alianças e articular estratégias de enfrentamento com as atividades mortíferas do atual modelo de exploração mineral. Foi denunciado a corrupção e cooptação praticada por empresas de mineração,  no intuito de quebrar a oposição das comunidades,  criminalizando e espalhando o terror e violência nos territórios, especialmente dos povos indígenas, originários.
O Encontro que contou com quase 100 pessoas de 13 países, foi um momento forte de celebração dos mártires e alimentar a esperança de que uma outra américa latina, plural e justa é possível e urgente.

O genocídio Waimii Atroari

Esteve também no encontro o  primeiro secretário do Cimi, Egydio Schwade,  que fez a denúncia da ação genocida da empreiteira e mineradora Paranapanema junto ao povo Waimiri Atroari.  Essa realidade está registrada e fartamente documentada no livro “Ditadura militar e o genocídio do povo Waimiri/Atroari ”,  resultado da convivência e décadas de pesquisa, feita por Egydio, sua família e aliados. Dois dias antes fez o lançamento no Congresso nacional, numa sessão especial da Comissão de Direitos Humanos.
Em seu depoimento falou da estratégia do Estado a serviço dos grandes interesses  nacionais e multinacionais, que inclusive resultaram na expulsão de sua família da área indígena, bem como de outros missionários do Cimi. “Os Waimiri Atroari são o povo que sem dúvida mais sofreu nos últimos 200 anos. Só no período da construção da estrada BR 174 que ligou Manaus a Boa vista, entre 1967 a 1977, mais de 2000 pessoas desse povo foram mortas por armas, bombas e epidemias”.  A estrada não foi feita para beneficiar a população do Amazonas e Roraima, mas para acolher os pleitos da mineradora Paranapanema, desabafou. Tanto é assim que o então presidente da ditadura militar, João  Figueiredo  em 1981,desmembrou grande parte da terra indígena para doar à mineradora.
Infelizmente o  povo Waimiri/Atroari ainda se encontra num grande cerco de isolamento  organizado por empresas e programas.  Romper esse silenciamento, esclarecer o genocídio e punir os responsáveis faz parte dos objetivos dessa publicação, que foi entregue para a Comissão Nacional da Verdade, cujo relatório será entregue à Presidenta Dilma nos próximos dias.

Índios do Tocantins denunciam Katia Abreu

Numa semana de intensa mobilização  nos espaços do poder em Brasília a delegação indígena, denunciou várias vezes as ações e posturas anti-indígenas da senadora Katia Abreu e disseram à presidente e Dilma que não a nomeasse como ministra da Agricultura, pois isso significaria uma afronta aos povos indígenas, populações tradicionais e pequenos agricultores e sem terra. Como sinal dessa indignação afiaram e atiraram  suas flechas contra essas figuras, em frente ao palácio do Planalto. No último dia de suas mobilizações estiveram na Confederação Nacional da Agricultura, protestando contra a política de favorecimento do agronegócio, em suas ações de violência contra a natureza e as populações que resistem a esses projetos.
Na conclusão de suas atividades fizeram uma visita aos participantes da rede de Educação Cidadã, onde se encontra Frei Beto e Aos participantes do encontro internacional Igrejas e mineração’. Agradeceram  pelo apoio que lhe manifestaram aos povos indígenas do Brasil em sua heroica luta contra os projetos d emenda constitucional 215 e o projeto de lei 16 10, ambos ameaçadores dos territórios e vidas dos povos indígenas.


Egon Heck ,        
Cimi Secretariado,    



Brasilia, 6 de dezembro de 2014

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

No campo de batalha

 “Cada palmo de terra reconquistado pelos índios no Mato Grosso do  Sul , é uma batalha”. Com essa expressão Antônio Brand, que por mais de três décadas lutou pelos direitos desses povos, em especial dos Kaiowá Guarani, (lembrado com muito carinho e saudade) dá a dimensão do drama e da guerra permanente  em que acontece a luta pelas terras indígenas neste Estado.
Ao visitar os acampamentos que hoje só no cone sul são mais de 30,  o que salta aos olhos é o clima de permanente terror e temor em que vivem as comunidades que se encontram na beira das estradas ou em cantinhos ínfimos de seus tekohá, territórios tradicionais. “passaram a noite atirando por cima do nosso acampamento.  Não dormimos e nos mantemos vigilantes, afirmam as lideranças, ao se referirem as situações de sobressalto  em que vivem.  As narrativas da presença e  ação dos pistoleiros são aterrorizadoras.  E vão narrando  os inúmeros casos de ameaças e violências a que são submetidos nesse processo de luta pelos seus territórios. Castigados pela fome e doenças, ameaçados e discriminados,  violentados em sua dignidade  como pessoas e povo,   lançam ao mundo seu grito e clamor,  seu desespero e esperança.

A luta contínua
Ao visitarmos a comunidade  Pueblito Kuê, município de Iguatemi, que há dois anos chegou a tamanho desespero que havia optado pelo suicídio coletivo como  única atitude diante da morte decretada e a expulsão eminente de sua terra tradicional sagrada.  Diante do clamor e grito mundial, a justiça revogou a reintegração de posse e determinou que  permanecessem em um (pasmem !1)hectare de terra.  Diante da total impossibilidade de duas dezenas de famílias sobreviverem com um mínimo de dignidade em degradante confinamento, ocuparam,  recentemente, mais um pedaço  de sua terra. A ordem de despejo e ameaças dos pistoleiros não tardaram.  A comunidade resistiu  bravamente, na certeza de que um dia seus direitos seriam respeitados e se fizesse justiça. Foi então proposto um acordo judicial em que ficou garantido à comunidade a permanência em 97 hectares. Ali os encontramos fazendo barracos e preparando a terra para lançar as sementes. É momento de respirar mas sem desistir de seu direito à terra. Fazem o apelo para o governo cumpra a Constituição e demarquem logo a terra.

Kurusu Ambá – cruzes, sementes e o último recado
Um dramático apelo vem da massacrada comunidade de Kurusu Ambá. Em carta e vídeo lançam o último recado às autoridades “venham até aqui. Daqui não sairemos jamais. Venham nos enterrar. Chega de prazos para nos despejar.
É a situação de guerra suja, velada ou aberta, tentando matar o corpo e alma desse povo, pisotear  sua resistência e dignidade. Situação infame que envergonha qualquer  ser humano que se preze e tenha sentimentos, qualquer país que respeite minimamente os direitos humanos.
Com eles passamos noites de reza e celebração, dias de angústia e medo, tempos de lançar a semente da esperança para colher frutos de justiça. Que  a alegria das crianças contagie a desesperança e amoleça os corações empedernidos dos responsáveis s por essa situação tão insana de negação da terra aos seus habitantes originários.
Poderia continuar narrando inúmeras situações de violência num rosário de sofrimentos, qual repórter de guerra em campo de batalha!
Prefiro fazer coro com os resistentes povos da esperança na crença de que jamais serão vencidos.

Egon Heck
Cimi – Secretariado

Brasília 2 de dezembro 2014