ATL 2017

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terça-feira, 12 de novembro de 2013

Tempos de aflição e resistência


“A criação de milícia é parte do plano de fazendeiros de Mato Grosso do Sul que planejam uma espécie do que eles chamam de contra-ataque aos índios que ocuparam suas terras. É o que informa o jornal Correio do Estado desta sexta-feira (8).”                                                                                       
O presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul) fala sobre a “guerra” ...

A verdade para a Comissão
Certamente a coordenadora da questão indígena e camponesa, da Comissão Nacional da Verdade, Maria Rita Kehl, teve uma das experiências mais marcantes nessa sua árdua tarefa de  jogar luzes e visibilidade a essa história de massacres dos povos indígenas.  O que os povos indígenas esperam é que se faça justiça. O primeiro e fundamental passo é o reconhecimento e garantia de seus territórios
Depoimento emocionante de indígena Guarani Ñandeva em defesa de sua terra, durante a visita de Maria Rita Kehl à comunidade em retomada na Terra Indígena Yvy Katu.
Nos índio Guarani sabemos toda historia, vocês conhecem a história do Povo Guarani, e dos Povos indígenas do Brasil pelos livros, mas nós somos livros, somos livros vivos. Nós não temos dinheiro nós não  temos condição pra comprar nossas terras de volta, mas temos coragem de dar nossa vida, temos coragem de dar nosso sangue escorrer nessa terra, pra que a gente recupere nossa terra. Nós  estamos aqui em pé liderança, nos tamo em pé, mas cheirando o verde ao nosso redor. Qualquer momento nós podemos perder nossa vida e ai o fazendeiro tem dinheiro tem recurso para ir lá falar o índio morreu atoa, o índio é vagabundo. Puxa no livro se nós índio dependia  dos branco, dependia do governo pra sobreviver quando era tudo mato. Nós não DEPENDIA de NIGUEM pra sobreviver. Nós não precisava pedir terra, nós não precisava pedir cesta básica, nós não precisava pedir proteção porque nós tinha tudo da natureza. E o não índio veio e tirou tudo da gente. E  agora é nós que somos vagabundo? É nós que somos invasor? Nós não somos INVASOR. Nós queremos o que é NOSSO. Quanta gente morreu? Quanta gente derramou sangue? Quanta gente se esparrou por causa da violência contra o povo indígena.

Ao guerreiro da esperança
Representantes dos povos indígenas de Goiás/Tocanatins fizeram um ritual  em frente ao hospital em que Dom Tomás estava se recuperando.  Foi um gesto carregado de gratidão, bondade e esperança:
“Dom Tomás veja que bela e exemplar história de resistência você está escrevendo e “imprimindo” junto com os Povos Indígenas e Movimentos Sociais desse País. Um bom pastor, sempre armado com a verdade e munido com sabedoria cristã; às vezes, voando em céus de turbulências; às vezes, navegando em águas agitadas ou trilhando os caminhos espinhentos dessa América Latina. Você nunca se intimidou e nem se curvou diante da arrogância e da prepotência dos tiranos.

Nesse momento de sua Vida você nos dá maior lição de amor ao próximo. Esse gesto Guerreiro nos fortalece e nos enche de esperança; na certeza que temos que continuar lutando pelas crianças, pelos idosos, pelos empobrecidos e excluídos. A nossa luta por dignidade e Direitos humanos não tem fronteiras e é contínua. Até breve grande Guerreiro da Paz, nós vamos vencer!”

Bem Viver – desafios e perspectivas
Missionários(as)Lideranças indígenas, aliados da causa estivemos uma vez mais reunidos para partilhar desafios e traçar perspectivas para enfrentar esse difícil momento d os povos indígenas, populaçãoes  tradicionais e empobrecidos desse país.
“Durante a XX Assembleia, representantes indígenas manifestaram profundas preocupações diante de tais investidas contra seus direitos pelo Estado brasileiro, com brutal violência, assassinatos e criminalização. Ao refletirem sobre os setores que os oprimem, dizem que “se não nos deixarem sonhar, não os deixaremos dormir”. Com convicção, afirmaram que jamais renunciarão às suas terras. Ao mesmo tempo, sentem-se encorajados por todos aqueles que deram suas vidas na luta pelos seus direitos, por avanços conquistados e pela certeza de que jamais serão vencidos. Esperam continuar com o apoio solidário do Cimi e de mais aliados e amigos.

Com os povos indígenas, originários de todo continente, Abya Yala, com os quilombolas, populações tradicionais, campesinos, com os empobrecidos e oprimidos, queremos renovar nossa profunda convicção de que mesmo que neguem a vida, decepem as árvores, é da raiz invencível que brotarão flores e frutos, mel e leite, novos projetos de sociedade, do Bem Viver defendido pelos povos ameríndios” (Carta da Assembléia).   

Egon Heck

Cimi Secretariado, Brasília, 12 de novembro de 2013