ATL 2017

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terça-feira, 21 de maio de 2013

Eu não tenho medo de morrer !


 2ª Assembleia dos Povos Indígenas  do Tocantins e Goiás

       Tudo muito lindo. Uns pintando os corpos, outros construindo os barracos ou  circulando no pateio da grande aldeia Palmas. Muitos povos irmanados, sonhos somados, lutas fortalecidas! São quase 500 representantes dos povos Xerente, Krahô,  Apinajé, Krahô Kanela, Karajá de Xambioá, Karajá da Ilha do Bananal, Javaé, Avá Canoeiro, Guarani, Tapuia, Canela do Tocantins. 

      Os povos indígenas desta região tem uma longa tradição de luta por seus territórios e direitos, de resistência. Já na década de 70 enfrentaram os  invasores de suas terras e nas décadas seguintes tiveram que lutar contra as invasões das hidrelétricas, estradas, hidrovias e o latifúndio. Nos últimos anos, através dos processos intensivos de formação política e participação de mobilizações locais, regionais e nacionais,  construíram processos de articulação, solidariedade com as lutas dos povos indígenas em nível nacional. As assembleias indígenas passaram a ser um desses espaços de articulação das lutas, de traçar estratégias comuns e animar a esperança e solidariedade

       Na 1ª Assembleia dos povos indígenas, realizada em maio de 2010, um dos grandes desafios debatidos foi a questão dos grandes projetos,  e modelo de desenvolvimento  do país.  Conforme depoimento de Alderez Kraho Kanela “esse desenvolvimento está matando os povos indígenas da região e do país. Esse progresso é tristeza, é morte. Nós queremos viver do nosso jeito. O que devemos preservar em nosso país é a Vida”. 

         Na conversa com a deputada federal Dorinha, Izabel Xerente foi dura ao denunciar a permanente perturbação em que vivem por causa dos brancos, por causa dos pistoleiros que estão assassinando os índios. Concluiu sua fala enérgica dizendo “Eu não tenho medo de morrer. Posso morrer encima dos meus direitos”.

Conforme Antônio Apinajé “vivemos em estado de apreensão, submetidos e ameaçados por uma campanha muito forte, contra nossos direitos e nossa esperança. Estamos sendo constantemente bombardeados por medidas que visam tirar nossos direitos”

         Antônio  Apinajé coordenou a mesa de abertura da 2ª Assembleia, da qual participaram lideranças dos povos indígenas, representantes da Universidade Federal e do Ministério Público e  D. Tomás, como um dos fundadores do Cimi e D. Pedro, arcebispo de Palmas.

Porque estamos aqui

      Com essa interrogação Jucélia Krahô disse querer dar um recado pro governo, pois os indígenas bem como os ribeirinhos, camponeses e outros estão muito tristes com o que o governo vem fazendo.  “Nós somos o broto da terra. Queremos que o governo nos respeite. Somos impactados. Não quero que esses grandes projetos vá adiante. Estão querendo matar nosso povo com veneno”.

         Dom Tomás,  falou com muito vigor, a partir de sua longa história de luta, com seus mais de 90 anos “A  situação dos povos indígenas nunca esteve tão ruim. O governo está contra vocês. Em tempos passados os índios eram caçados. Hoje matam retirando a terra. Isso fazem na lei, retirando os direitos da Constituição.  Acho que a única força para conter essa política de morte,  é a união de vocês. Vocês como protagonistas, são a única possibilidade de solução. Os poderosos tem medo dos povos indígenas. Vocês não podem perder a oportunidade de se unir cada vez mais. O que faz tremer é a força de vocês. Vocês são a solução, a alma do nosso povo”.

        Comissão de Comunicação da 2ª Assembleia  dos  Povos Indígenas de Goias e Tocantins

Egon Heck e Antonio Apinajé –Cimi goto - Palmas 21 de maio 2013