ATL 2017

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sexta-feira, 22 de junho de 2012

EQUAÇÃO DRAMÁTICA: Rio+20 – Eco 92 = 0



Para os povos indígenas essa equação é muito real, pois nas últimas décadas o avanço do modelo neoliberal, do agrohidronegócio sobre seus territórios tem deixado um rastro de destruição e morte. E o que é mais grave, isso tudo sob o olhar complacente, quando não omisso, dos governos. Inúmeras denúncias de graves violações dos direitos dos povos indígenas  foram feitas neste espaço da sociedade civil mundial. Talvez o que mais indignadamente tenha sido denunciado foi a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte.
A delegação dos Xavantes da Terra Indígena de Marãiwatsédé juntamente com aliados, fizeram uma série de atividades, debates e entregaram aos representantes do governo uma carta para a presidente Dilma. No documento pede a urgente retirada dos invasores dessa terra de seu povo Xavante.“Nesses 20 anos que se passaram, Marãiwatsédé se transformou na Terra Indígena mais desmatada da Amazônia brasileira, envergonhando todo o nosso país com a devastação criminosa que produtores de soja e de gado estão ainda fazendo na nossa terra sagrada. Vinte anos também não foram suficientes para que a Justiça brasileira tivesse a força necessária para fazer valer a decisão que respeita a Constituição Federal e os povos indígenas, tomada por unanimidade e determinando a retirada dos invasores, pois todos entraram em nossa terra ilegalmente, de má fé” Termina a carta com um apelo “. Estou lutando há 46 anos. Eu era criança quando o governo retirou minha comunidade nos aviões da FAB em 1966. Desde aquela época estamos lutando para voltar e retomar nossa terra. Estou cansado. Mas não vou desistir. Nunca. (Carta do cacique Xavante Daimião à presidente Dilma)
 
Yanomami
Davi Yanomamy está no Aterro do Flamengo à espera de seus companheiros indígenas para irem entregar o documento   dos Povos Indígenas do mundo, aos chefes de Estado, ao governo brasileiro. Aproveito para perguntar-lhe como avalia a participação dos povos indígenas na Cúpula dos Povos. “É um  pingo d’água” responde. Um pingo apenas, mas importante. Não deixou de externar certa decepção, pois não conseguiram seu ouvidos pelas autoridades. “ Na Eco 92 vieram autoridades ouvir nossos problemas, mas aqui nem isso aconteceu”. Sentiu-se ressentido pela falta de unidade do movimento indígena. “Estamos divididos. Isso é uma fraqueza. É isso que fazendeiro, mineradora, militares, querem.”
Apesar de terem seu território demarcado há 20 anos, a falta de políticas de proteção efetiva, permite constantes invasões de garimpeiros e outros interesses.

Guarani Kaiowá e povos indígenas do Mato Grosso do Sul

Outra situação dramática, denunciada em vários espaços e momentos na Cúpula dos povos,  foi a  dos Kaiowá Guarani, em especial, e dos povos indígenas do Mato Grosso do Sul. “Estamos em guerra, pois os invasores declararam essa guerra há séculos.”, afirmam em carta dirigida à presidente Dilma e aos povos e nações do mundo. Nela fazem uma série de exigências aos três poderes do país, como única forma de poderem sobreviver conforme garante a Constituição Federal e acordos e legislações internacionais. A situação de violência é gravíssima em decorrência da não demarcação das terras.
 TIPNIS – Bol ívia

É uma das  situações graves hoje enfrentado pelos povos indígenas hoje no continente. A organização dos povos indígenas do oriente boliviano, estão em marcha para La Paz, para cobrar do governo de Evo Morales respeito a seus direitos, justiça para os responsáveis pelas violências contra seus povos e a paralisação da estrada que atravessa o parque e terra indígena. Ao exporem a situação a delegação indígena, representando 36 povos, pediu a solidariedade de todos os povos á sua luta. Acusaram o governo de Evo Morales de estar impondo à região uma política neocolonialista, com sérias violações aos direitos das populações que ali vivem. A estrada estava sendo construída por uma empreiteira brasileira. O Brasil tem interesse na construção dessa estrada na região amazônica.
Documento dos Povos Indígenas do mundo aos chefes de Estado
Finalmente a delegação dos povos indígenas do Mundo puderam entregar seu documento ao Ministro Gilberto Carvalho, que veio representando a presidente Dilma, que não teve “tempo” em sua agenda para os povos indígenas.
“vimos em uma só voz expressar perante os governos, corporações e a sociedade como um todo o nosso grito de indignação e repúdio frente às graves crises que se abatem sobre todo o planeta e a humanidade (crises financeira, ambiental, energética, alimentar e social), em decorrência do modelo neodesenvolvimentista e depredador que aprofunda o processo de mercantilização e financeirização da vida e da Mãe Natureza.
Defendemos formas de vidas plurais e autônomas, inspiradas pelo modelo do Bom Viver/Vida Plena, onde a Mãe Terra é respeitada e cuidada, onde os seres humanos representam apenas mais uma espécie entre todas as demais que compõem a pluridiversidade do planeta. Nesse modelo, não há espaço para o chamado capitalismo verde, nem para suas novas formas de apropriação de nossa biodiversidade e de nossos conhecimentos tradicionais associados.
Finalmente, não são as falsas soluções propostas pelos governos e pela chamada economia verde que irão saldar as dívidas dos Estados para com os nossos povos. Reiteramos nosso compromisso pela unidade dos povos indígenas como demonstrado em nossa aliança desde nossas comunidades, povos, organizações, o conclave indígena e outros.
A SALVAÇÃO DO PLANETA ESTÁ NA SABEDORIA ANCESTRAL DOS POVOS INDÍGENAS”
Egon Heck –
Povo Guarani Grande Poro – Cimi 40 anos
Cupula dos Povos, Rio de Janeiro, 22 de junho de 2012